E continuas aqui, perdida nas palavras, no que o tempo levou, no que a vida esqueceu, ainda estás. E continuas quando o mundo te puxa pelo horizonte, e ficas neste escuro que te abriga o coração, do que mais dói em perder um amor, libertá-lo. E talvez seja melhor, ou não. Talvez conformar pelo quanto dói, pelo quanto pesa a culpa, será mais confortável. Porque quando não se quer esquecer, não se quer virar as costas e seguir, torna-se razoável habituar a dor a nós, nós a ela. Talvez seja pior, talvez não quando tomar o outro caminho se assemelha a amordaçar a alma e o coração e não permitir que se pronunciem ao mundo, nunca mais. Porque no fundo, o que o mundo não sabe, é a parte de ti que deste, que quiseste deixar. Porque ainda que o passado não volte, haverá sempre uma única alma a quem entregarias a tua no seu todo.

(boa noite, dorme com as estrelas.)